sábado, 30 de março de 2013

Combate

As pessoas costumam partir pra cima das outras, ao menor sinal de polêmica. Basta a expressão livre de uma opinião diferente, que todas as baterias são voltadas para o imprudente numa sanha piranhesca de devoração generalizada contra todo o indivíduo. Se possível, o apedrejam. Não seriam suas idéias ofensivas o verdadeiro inimigo, inclusive do “língua solta”? Um verdadeiro líder não sucumbe a essa tendência humana ao linchamento. Porque o líder tem a responsabilidade de maior discernimento, para servir de farol aos demais. O maior exemplo de contra-senso do comportamento comum é um homem levantar a voz contra a liberdade de expressão e ser ferido pela multidão porque ofendeu a idéia aprovada pela maioria. Ora, não estaria aquele homem exercendo a sua liberdade, defendida por todos? No entanto, a maioria, ao lhe apedrejar, esta sim, atira pedra contra a própria idéia de liberdade. Um líder deve observar esses detalhes da realidade para não incorrer no mesmo erro, agravando os efeitos. Sendo ele um exemplo, pode conduzir toda uma nação ao equívoco. Não teria sido isso que levou tantas gerações ao sofrimento e à morte em guerras insensatas? Um bom líder não combate pessoas com golpes pessoais. Combate argumentos com argumentos. O debate não pode ofender gente, famílias, comunidades. O debate deve se limitar ao campo das idéias.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Coração

A desarmonia entre a paixão e a razão é algo muito comum numa sociedade que se alimenta de ilusões. É desse desequilíbrio a origem de muitos males, pois que geram inversão de valores, apegos exagerados, ausência de entusiasmo, perda da coragem... É sábio manter o equilíbrio e a paz entre essas duas forças. Disse Kalil Gibran, em O Profeta, que a paixão são as velas e a razão o leme de um barco em alto mar. Sem um dos dois recursos, o barco fica à deriva, perdido no oceano. Na realidade atual, em que a sociedade cobra praticidade de todos, quero enfatizar a necessidade de valorizar a força da paixão, onde reside o entusiasmo (do grego en + theos, literalmente 'em Deus'). O poder propulsor da boa ação humana, o encantamento, a preservação da inocência e até mesmo a ligação com o Criador têm sido negligenciados ou reprimidos pelo raciocínio falho, potencializado pela vaidade intelectual. O coração é combatido em nome da conveniência, quando não da vazia aparência ou da ilusão das vantagens fáceis. É necessário, caro leitor, que protejamos o coração das impurezas porque são os sentimentos as nossas turbinas. Ou asas. Ou velas... E que a nossa mente seja humilde para se unir ao coração, e que a paz reine na convivência entre essas duas forças que nos move na existência. E no relacionamento com Deus.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Virtudes

Certa vez, fui convidado para uma reunião em São Paulo por dois amigos. Era sobre um projeto audacioso e, antes que começasse a conversa objetiva, houve aquele momento em que amenidades assumem o papel de quebrar o gelo. O primeiro amigo perguntou ao segundo: “Você comeu* Fulana, naquele dia que levou pra casa”? O segundo, nem titubeou: “claro, meu”! Deram muita risada e falaram outras amenidades, até que começamos o assunto principal da reunião. O primeiro amigo então apresentou seu projeto, discorreu os detalhes e, depois de uma hora de exposição técnica, foi incisivo: “isso aqui é pra ganhar dinheiro, só pra ganhar dinheiro, topa”? O outro topou e finalizamos a bem-sucedida reunião. Em outro momento, tive à sós com o segundo amigo e disse a ele: “Fiquei decepcionado com você. Havia me contado que teve piedade de Fulana. Viu que ela era muito humilde e que, se fosse com você para o motel, seria por esperança de alguma oportunidade financeira. E, no entanto, na reunião você disse o contrário”. O amigo baixou a cabeça, mostrou-se arrependido, e se desculpou: “realmente, mas se eu contasse lá o que lhe contei, ele zombaria de mim”. Dois dias depois, quando estive com o primeiro amigo, o do magnífico projeto, disse a ele: “Sabe o que mais gostei no seu projeto? Do quanto vai gerar de emprego e oportunidades de negócio para o povo daquele pequeno município. E vejo na obra um espírito altruísta. Por que você enfatizou tanto que era só pra ganhar dinheiro, se eu sei que você é idealista e nem liga muito pro lucro"? O amigo se defendeu: “se eu conversar nesses termos, mostrar esse idealismo meu, não terei parceiro para o projeto”. Veja, caro leitor, que eu tive essa oportunidade divina de ver duas pessoas que admiro, mostrando-se “mesquinhos” para agradar um ao outro. E constatei que é preciso a gente se concentrar em agradar somente a Deus. Pois o juízo humano é falho e, tentando corresponder a ele, você corre o risco de semear o mal, de fortalecer a inversão de valores e de trair a si mesmo. * Peço desculpa pelo termo chulo que achei importante grafar para ser fiel ao teor da conversa.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Felicidade

Certa vez um amigo confessou que não estava feliz com o seu cargo político. Disse que não gostaria de renunciar, de desistir fácil, mas estava vivendo uma grande tristeza, e saudade da sua antiga atividade profissional. Conversamos um pouco e foi o bastante para perceber que ele estava frustrado pela hipocrisia do ambiente, ao lado de pessoas que não valorizavam os relacionamentos humanos, e que só pensavam no poder ou no dinheiro. Pessoas que disputavam prestígio e não hesitavam em “derrubar” um colega para obter alguma vantagem. Não tive a chance de lhe dar bons conselhos, na ocasião dessa conversa, mas gostaria de ter dito a ele o que, na hora, não me ocorrera. Se você vive o mesmo drama, caro leitor (não precisa ser da política para viver num ambiente de competição desleal)... Surpreenda seus colegas. Haja com espírito cooperativo. Siga o exemplo de Cristo: sacrifique-se pelo próximo. Não ambicione, não alimente inveja que é a ganância de obter o que não tem. Isso rouba a paz. pois o que é seu Deus tratará de lhe garantir na hora certa. Confie nisso e haja com desprendimento. Enfrente o mal de cada dia. Combata o discurso medíocre com atitudes de grandeza (que é a postura mais humilde possível). Verá que terá apoio divino na sua tarefa. Verá que, aos poucos, o ambiente estará iluminado. Porque a luz clareia a escuridão. A idéia de se adaptar ao ambiente, nesse caso, é o que pode lhe trazer tristeza. Faça diariamente a oração de São Francisco e mantenha sua resiliência. Mesmo que você nunca tenha pensado em ser um líder, terá a felicidade de descobrir que é um dos bons, a cada resultado que obtiver com essa postura positiva.

domingo, 17 de março de 2013

Liberdade

A libertação dos hebreus da escravidão do Egito, contada no Livro Êxodo da Bíblia Sagrada, tem um simbolismo extraordinário no relacionamento de Deus com o ser humano. Foram muitos os prodígios do Senhor, demonstrando o seu poder, na libertação dificultada pelo faraó egípcio. No dia em que o anjo passou por cima das casas e identificou a viga superior de cada casa dos israelitas marcadas com o sangue do cordeiro (conforme ordem de Deus dada a Moisés) é que se comemora a Páscoa que no texto bíblico hebraico é “Pesah”, palavra associada ao verbo “pasah” que significa “passar”. A ordem de Deus para que o povo de Israel sempre comemorasse a Páscoa, contando aos filhos a razão da celebração, mantendo a lembrança de gerações em gerações, foi importante para o cumprimento da profecia do Cordeiro de Deus que iria pagar os pecados do mundo. O Filho de Deus morreu para nos salvar da escravidão, disponibilizando a todos os povos (e agora não mais somente aos hebreus), a verdadeira liberdade que é o perdão dos pecados. Jesus Cristo ressuscitou no domingo de Páscoa e fortaleceu o simbolismo da comemoração desse dia. Páscoa é o sinal de que estamos livres, protegidos pelo Senhor. “A Páscoa mostra que o sangue derramado por Cristo possibilita o começo de uma nova vida para os que entregam suas vidas a ele” (MZK).