quinta-feira, 10 de abril de 2014

Terrorismo


Diz uma parábola que certo rei, que havia feito um acordo com o maligno, foi abordado pelo tal, enfurecido por um pequeno ato de traição, portanto, disposto a matar 300 súditos para se vingar. O rei dormiu naquela noite preocupado. Mas dormiu, até porque não era a pele dele. A notícia se espalhou pelo reino a respeito da vingança do diabo e, uma semana depois, já haviam morrido 2 mil súditos. Cheio de “justiça”, se sentindo do lado da razão, o rei reclamou com o “coisa ruim”: por que teria matado bem mais do que havia dito? Com uma risada sarcástica, de quem já sabia da dimensão aproximada dos efeitos de seus ditos, ele se defendeu: “eu realmente fiz o que disse que ia fazer, matei 300 súditos. O restante morreu de medo”. O ser humano convive com o medo sem se dar conta de que é um dos seus maiores inimigos. Convive como se fosse amigo, como se o protegesse. Mas o medo, quando exagerado, é o que faz matar. É o que provoca inimizades, mesmo em pequenas doses. É o que separa namorados, apaga sonhos... Os pais não sabem o quanto fazem mal a seus filhos, quando os educam, impondo medo. O medo faz roubar, injuriar, caluniar... O que é ciúme, senão medo? O que é competição, se não medo? O medo ao extremo deixa o homem paralisado, incapaz. Mas isso acontece gradativamente, conforme o medo avança suas entranhas. E o que faz o homem amarelar? Geralmente, a mentira. Normalmente, a ampliação de coisas bobas. Os mistérios também, quando não são amados. Aliás, tudo que não é amado provoca medo: Os vizinhos calados, o amigo tímido, o estrangeiro, o mendigo, o louco, o desconhecido. O medo é uma das estratégias do mal, pois um ser humano amedrontado é presa fácil (para virar mau, o único objetivo do maligno). Porque o medo é ausência de fé. E não precisa contestar, dizendo que “coragem não é ausência de medo, mas saber enfrentá-lo”. Quando digo “medo”, refiro-me ao sentimento que já dominou o coitado. O que a coragem enfrenta é a ameaça com a certeza de luta. É a mentira com a confiança. O terrorismo com serenidade. A dor e o sofrimento com aceitação. E o desconhecido com a boa vontade. Dos temores do homem, o único louvável e,  que na verdade é sua grande salvação, é o temor a Deus. Que não significa medo de Deus, mas respeito que se apura com o amor. Diz a Bíblia Sagrada que o princípio da sabedoria é o temor a Deus. Certamente porque quem teme a Deus e se entrega de amor, vai gradativamente perdendo os medos de qualquer outra coisa. Até se transformar num ser humano de verdade, ou seja, sem “medos”.

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